Em uma economia de mercado, tudo é produzido na base do principal incentivo : a busca do lucro. Este é a remuneração do capital investido, sem o qual os investidores jamais arriscariam alocar seus recursos no intuito de atender a uma determinada demanda social . Não poderia ser diferente no caso da energia. Ainda vivemos sob o estigma estatal que diz que um planejamento central é o mais eficiente em alocar tais recursos com a mesma finalidade. Creio que esse seja o grande obstáculo para a distribuição de energia. Não nos esqueçamos do desastre que foi o atual Governo em querer baratear a tarifa de energia reduzindo as taxas de retorno dos empresários do setor , sem levar em consideração a capacidade de provisão de energia elétrica. A medida populista, com o intuito de dispersar parte da inflação já descontrolada, tinha como propósito inibir a sensibilidade do consumidor em relação à alta dos preços. Mas tal medida espanta investimentos e mexe com as expectativas daqueles que assumem a conta, a saber, os empresários do setor e o consumidor final. Maquiar índices de inflação controlando os preços nunca funcionou, pois, se a inflação desvaloriza o valor da moeda, os custos de produção de energia aumentam, já que tarifa fica congelada de modo a não refletir tais custos. Isso foi testado nos anos 80, no Governo Sarney e resultado de tal medida foi um rombo de 26 bilhões de dólares no Tesouro, valor contabilizado em 1993.
A saída para superar esta crise, observado todos os impedimentos relacionados ao intervencionismo, é a redução do papel do Estado como o protagonista das decisões sobre os investimentos, de modo a proporcionar mais liberdade de iniciativa para aqueles que arcam com os custos de operação e assumem o riscos, já que estes, movidos pela busca de seus interesses, tem mais consciência das necessidades que estão atendendo, razão pela qual defendo a livre iniciativa. O Estado, ao se arrogar à pretensão de querer cuidar de tudo, acaba por comprometer a qualidade daquilo que se arroga a prover,causando um efeito contrário daquilo que as pessoas esperam . Logo, os agentes econômicos da iniciativa privada tendem a ser mais eficientes não porque são melhores ou piores, mas porque alocam os investimentos levando em conta a demanda do mercado, os riscos de operação, os custos de financiamento e os resultados de médio e de longo prazo. Os Governos tem um ímpeto exagerado de gastar, expandir seu curral eleitoral com promessas, mas não tende a racionalizar os investimentos públicos.
. Outro item que pode ser visto como uma grande incentivo ao desenvolvimento da riqueza e do aumento da renda é uma redução nos impostos, vistos que estes, no fim das contas, é repassado para o consumidor final quando o Governo aumenta o subsídio na produção de energia , sob taxas controladas . Tal resultado encarece a tarifa, pois cedo ou tarde o Governo repassa ao consumidor mais impostos para cobrir o prejuízo das empresas fornecedoras, pois devido ao fato destas recorrerem às termelétricas, pagam mais caro por energia, e essa diferença é sempre repassada ao contribuinte. Ou seja, no fim contas, o Governo , que congelou a tarifa visando popularidade, causa o efeito contrário das suas intenções, pois ao ignorar o quadro da disponibilidade do recurso ( período de estiagem em 2012 e 2014), forçou as concessionárias a arcarem com o alto custo de energia.
O grande problema das concessionárias arcarem com essas dívidas é a falta de poupança para fazer investimentos no futuro. Ao contrário do Governo, que gasta de forma indolente, as empresas lidam com recursos escassos e podem correr o risco de não conseguirem crédito no mercado privado se não demostrarem capacidade de honrar os compromissos que assumem.
Creio que levaremos um tempo para que as pessoas e o próprio Governo compreendam que nenhum mecanismo, até agora, conseguiu prover tanta riqueza quanto o mercado. Esse mecanismo , no qual as pessoas alocam seus recursos de modo a prover as necessidades de outras, tende a ser espontâneo à medida em que não impera nenhum modelo de projeto racional que vise determinar aos donos dos recursos onde e como eles devem alocá-los, uma vez que os tais , guiados pelos seus incentivos, terão mais conhecimento das necessidades do mercado do que um agente central. E o detalhe mais importante: dentro do mercado, ninguem possui todas as habilidades necessárias para prover tudo o que é necessário para si. Cada um , com as suas respectivas potencialidades, troca o excedente do que produz para adquirir o excedente dos resultados daqueles que produzem o essencial ao atendimento das suas necessidades. Isso, por si só, já deveria ser suficiente para que burocratas,que enfiam a mão no bolso de quem produz riqueza, reconhecessem a eficácia da mão invisível do mercado ( metáfora sugerida por Adam Smith eu sua obra ” a riqueza das nações”) em um ambiente dentro do qual todos os envolvidos gozam de plena liberdade para tomar decisões que são essenciais para a criação de oportunidades, renda e riqueza.